Organização criminosa diz em carta que pagava propina para governo fazer ‘vista grossa’.

Manaus, 6 de junho, domingo, ficará na memória dos amazonenses pela onda de terror instalada pelo crime organizado. Viaturas policiais, agências bancárias e ônibus coletivos queimados, barricadas com pneus e fogo, assaltos, população amedrontada e forças da segurança foram desafiadas. Esta coluna já denunciou diversas vezes sobre a escassez de armamentos, pouco contingente policial e ausência de concurso público para a Polícia Militar e civil. Em suposta carta divulgada pela facção criminosa, os ataques não foram realizados apenas pela morte de um líder, mas em manifestação ao grupo de milícia criado pelo secretário de segurança.

Bandidos
A série de ataques realizados por membros de uma facção criminosa, iniciaram durante a madrugada e manhã deste domingo, 6, após a morte de um dos líderes da facção criminosa durante confronto com policiais militares. O traficante morto era conhecido como ‘Dadinho’ e a ordem para a desordem instalada veio de dentro do presídio.

Terror
O que podemos perceber com a onda de ocorrência, violência, crime e caos instalado em Manaus e no interior por causa da morte de um traficante, é o quanto o setor de segurança pública do Estado precisa urgentemente ser equipado e reforçado. Há meses, esta coluna denuncia a escassez de equipamentos táticos, munição, coletes a prova de balas e o mais importante: contingente policial.

Polícia
Os policias amazonenses enfrentam há mais de um ano, a luta diária de combater o crime organizado vivendo em plena pandemia de Covid-19. Muitos desses guerreiros, chegaram a ficar sem viaturas após o término do contrato realizado pelo Governo do Amazonas, sem água potável na unidade policial, sem equipamento ou ao menos munição para trabalhar. Agora, eles enfrentam a maior cheia amazônica da história e a onda de terror instalada pelo crime.

Governo
O medo, a insegurança causada pelos criminosos, mostram a ausência de gestão do Governo do Amazonas que sabia de todas as falhas e a necessidade urgente de melhorar e investir na segurança pública. Mas, enquanto isso, o Estado é investigado por desvio de recursos públicos na compra superfaturada de ventiladores pulmonares em uma loja de vinhos, processos licitatórios suspeitos, a instalação de uma organização criminosa na cúpula do governo, esquema de triangulação de empresas, entre dezenas de outros casos expostos desta gestão. O Amazonas possui um governador que será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e com depoimento agendado na CPI da Covid no Senado Federal.

Retaliação
Suposta carta divulgada pela facção criminosa explica o real motivo dos ataques. De acordo eles, existe uma milícia “comandada pelo secretário de segurança pública. Exemplo, ontem foi executado três criminosos em Iranduba”. O ‘Dadinho’, não foi baleado em confronto com a polícia, “pura mentira. Foi executado na frente da casa dos seus pais e ele não portava nenhuma arma explícita”. Segundo eles, o traficante foi preso há 40 dias atrás e levado para a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) para conversar com o secretário Lourismar Bonates e “Dadinho deu R$ 600 mil e 1.400 gramas de ouro em joias e ele foi liberado. Um dia depois, Dadinho ameaçou a Rocam e o secretário Bonates de denunciar todos para corregedoria e Ministério Público Estadual”.