O ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campelo se transformou numa espécie de homem-bomba para os governistas na CPI da covid e, principalmente, contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Ele foi convocado pela comissão por meio de requerimento dos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que se transformou em guarda de Bolsonaro no colegiado.
O depoimento do ex-secretário na CPI da covid está marcado para amanhã, às 8h.
O problema é que Campelo já não faz parte do governo Wilson Lima (PSC), está ferido e se sentindo injustiçado por sua prisão pela PF.
Um dos fundamentos da prisão dele foram supostos pagamentos da SES ao hospital Nilton Lins, que não existiram, segundo Campelo.
Por exemplo, o ex-secretário poderá confirmar a omissão de Pazuello e do governo Bolsonaro sobre a falta de oxigênio em janeiro e a crise vivida pelo setor de saúde no estado, quando a segunda onda da covid-19 começou a disparar no Amazonas no fim de dezembro.
Campelo também tem documentos que mostram que antes da virada do ano, por tanto, mais de duas semanas antes da crise da falta de oxigênio, o estado já havia enviado SOS ao Ministério da Saúde.
Ao invés de socorro, contudo, o governo mandou cloroquina.
Memória do oxigênio
Além disso, Campelo guarda toda a memória formal e informal dos sete dias que antecederam o colapso da falta de oxigênio no Amazonas.
Por enquanto, o que se sabe sobre os pedidos oficiais de socorro do Amazonas a Bolsonaro veio à tona em inquérito sigiloso feito pela PF a pedido do Supremo Tribunal Federal.
Mas parte dessa investigação já é conhecida e sustenta a omissão do Ministério da Saúde.
Assim sendo, o depoimento de Campelo poderá fechar o certo sobre este ponto investigado pelos senadores da CPI da covid.