CPI da Covid: “Essa tragédia não pode ficar impune”, diz Omar Aziz

O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-­AM), não tem dúvidas de que a conclusão do trabalho prevista para as próximas semanas dará uma resposta à altura ao desejo de justiça da sociedade.

“TODO MUNDO CONHECE ALGUÉM QUE MORREU DE COVID-19 E ESSA TRAGÉDIA NÃO PODE FICAR IMPUNE”, AFIRMA OMAR AZIZ (PSD-­AM).

Cauteloso, o senador evita imputar crimes comuns a Jair Bolsonaro e relacioná-­lo à corrupção, mas diz que os indícios já apontam para um crime de responsabilidade — que pode lhe render um processo de de impeachment na Câmara. Para Aziz, a investigação revelou ao menos três fatos graves com relação à conduta do presidente: a propaganda de medicamentos sem eficácia

comprovada, a aposta na tese da imunidade de rebanho — que levou a mortes evitáveis — e a omissão na compra de vacinas. Tudo isso, afirma, cometido por um governo que abraçou o negacionismo, aspecto que considera mais importante que eventuais desvios de recursos.

Confira algumas respostas da entrevista concedida para o VEJA:

O que esperar da reta final da CPI?
Não estamos atrás de vingança, queremos justiça, achando os responsáveis por todas as mortes que poderiam ter sido evitadas. A política do governo nunca esteve voltada para a imunização, mas sim para alguns programas tirados em gabinete paralelo, de “ouvir dizer”, e isso levou ao caos.

Qual o fato mais grave e que está mais bem comprovado?
São três. O primeiro é a propagação de medicamentos que não eram e nunca serão eficazes contra a Covid. Outro, muito difundido no início, foi o de que um porcentual de contaminados iria imunizar todo mundo. Não existe imunidade de rebanho, e isso foi propagado pelo governo, por pessoas ligadas ao presidente e parlamentares. Isso é crime sanitário, que vai estar no relatório, e as pessoas responsáveis por essa propagação serão responsabilizadas. Por último, a questão mais grave é que o Brasil nunca apostou na vacina.

Que impacto a CPI vai ter na eleição de 2022?
Não dá para saber. A política é muito dinâmica, as pessoas mudam. Pegue como exemplo uma bomba que caiu no colo do Lula, a CPI dos Correios. A pessoa mais forte do governo dele, o José Dirceu, teve de ser exonerada. O Lula começou a trabalhar, criou Bolsa Família, Luz para Todos, Minha Casa, Minha Vida, programas que não só o reelegeram como fizeram a sua sucessora. Mas isso teve um custo, começamos a ter déficit, o país parou de crescer, e a Dilma foi cassada com o povo na rua pedindo.

 

*Com informações do VEJA