Dinheiro roubado do Pix é quase impossível de recuperar, afirma desembargadora

Brasil – A desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Ivana David Bariero, disse nesta segunda-feira (20), que o dinheiro roubado por criminosos através do sistema de pagamento instantâneo Pix é “raríssimo de reaver” devido a dificuldade de rastrear esses valores que são transferidos para contas de laranjas em bancos digitais.

Segundo a magistrada, “os casos de vítimas que conseguem reaver o dinheiro são raríssimos”, uma vez que, quando a polícia tenta rastrear o caminho feito pelo dinheiro roubado, é como se a conta não existisse. Ela ressalta que é por esse motivo que o Banco Central tem determinado o ressarcimento do valor roubado.

A desembargadora destacou que é importante as pessoas que fazem uso do Pix seguirem os três passos recomendados pelo BC:

1) Diminuir o limite da transferência;

2) Avisar a instituição da transferência efetivada;

3) Realizar o boletim de ocorrência, pois ao registrar B.O, ajuda os agentes de segurança a terem conhecimento em relação às áreas mais visadas pelos criminosos para aumentar o patrulhamento na região, além de o boletim ser necessário para exigir o ressarcimento junto às instituições financeiras.

Ivana David Bariero destacou ainda que o Pix surgiu com a finalidade de facilitar as transações financeiras, sobretudo durante o período de pandemia de coronavírus, mas os ladrões conseguiram se organizar com muita rapidez e o Pix acabou se tornando uma ferramenta na mão da criminalidade. Ela pontua que é possível fazer uma correlação com o sistema de uma organização criminosa.

A magistrada contou que as investigações apontaram que essas organizações criminosas estão organizadas por “células”. A primeira parte fica responsável por andar pelos bairros e averiguarem os comportamentos de suas potenciais vítimas. Uma outra célula é responsável por abordar a vítima e efetuar o roubo, enquanto uma terceira “age por meio de contas digitais em nomes de laranjas”. Feitas as transações, “rapidamente o dinheiro vai parar na mão da criminalidade”.

Bariero ressalta que não se trata de “uma criminalidade simplista” e que “existe toda uma estrutura, uma associação”. Ela diz que o modo de agir dos criminosos é abordar as pessoas em vias públicas, geralmente com o uso de alguma arma e ameaça de morte. Com a vítima rendida, ele abre o dispositivo eletrônico, verifica se a pessoa faz uso do Pix. Confirmado que a vítima utiliza esse sistema, o bandido informa a conta para que ocorra a transferência do valor “e imediatamente aquele dinheiro é transferido, numa liquidez que dificulta a recuperação da quantia roubada”.