Senador Flávio Bolsonaro afirma que presidente teria sido aconselhado a dar o golpe militar

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho “Zero Um” do presidente Jair Bolsonaro, revelou que o pai foi aconselhado a promover uma “ruptura institucional” perto do feriado de Sete de Setembro, mas que não o fez por não ter “perfil de ditador”. A sugestão, segundo ele, era motivada por decisões contrárias ao chefe do Executivo tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Meses depois, porém, o parlamentar diz acreditar que, agora, a relação entre os Poderes está pacificada. “Não há nenhuma possibilidade de meu pai fazer algo fora da Constituição”, afirmou em entrevista à revista Veja.

“Tinha conselheiro dizendo que o presidente não devia mais ceder, que o Supremo havia ultrapassado o limite, que acabou”, disse o senador, sem revelar quem seriam esses conselheiros.

“Se o presidente fosse fazer o que essas pessoas queriam, teríamos um ditador aqui. Mas esse não é o perfil do meu pai”, acrescentou.

No feriado da Independência, o chefe do Planalto convocou uma multidão às ruas de todo o País e fez discursos de caráter golpista, contestando o Supremo e seus ministros. Referindo-se a Alexandre de Moraes, adotou tom ameaçador: “ou ele se enquadra, ou pede para sair”. Dois dias depois, porém, Bolsonaro recuou e, amparado pelo ex-presidente Michel Temer, divulgou a “Declaração à Nação”, carta que estabeleceu uma trégua com o magistrado e a Corte.

Segundo “Zero Um”, o Sete de Setembro foi o momento de maior tensão do governo até hoje. O presidente, disse Flávio, já estava “saturado” com decisões do Judiciário — descritas pelo senador como “absurdas, tomadas para provocar, desgastar”. Este ano, a Corte expediu ordens de prisão e busca e apreensão contra associações, políticos e personalidades aliadas ao presidente da República.

“Não dá para alguém se intitular o salvador da Pátria, como se estivesse defendendo o Brasil de um ditador chamado Bolsonaro”, afirmou o senador. Embora ele tenha optado por não citar nomes, os maiores desafetos de seu pai na Corte são os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que encerra nesta sexta-feira, 17, seu mandato como presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

O senador também reagiu às pesquisas eleitorais, nas quais seu pai aparece atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) nas projeções para 2022. Segundo Flávio, os levantamentos são “furada” e não refletem as ruas: “(As pesquisas) são feitas pelos mesmos institutos que, em 2018, diziam que Bolsonaro perdia para todo mundo, e ele se elegeu presidente. Hoje é o mesmo cenário: Bolsonaro continua indo para a rua e sendo bem-recebido — ao contrário de seus adversários, que nem ao menos saem às ruas por medo de como vai ser o julgamento popular”.