Juiz manda soltar sargento da PM acusado de assassinar colega de farda em delegacia no AM

Manaus – O juiz da auditoria militar estadual, Alcides Carvalho Vieira Filho, expediu um alvará de soltura e decretou a revogação da prisão do sargento da PM Mário Sérgio da Silva Muca, acusado de assassinar com três tiros no peito e no tórax a colega de farda, a sargento Alcileide Conceição Costa de Freitas, de 44 anos.

O crime ocorreu em junho do ano passado, quando ela e Mário Sérgio se preparavam para iniciar os trabalhos na 10ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), localizada no bairro Alvorada, na capital.

Conforme o documento, Mário Sérgio não pode se ausentar de Manaus, e do Amazonas, nem exercer atividades operacionais, apenas atividades administrativas, sem o uso de armas. Ele também está proibido de manter contato com testemunhas e com a família da vítima.

Desde o dia do crime, o sargento ficou 357 dias na prisão.

Veja o alvará de soltura na íntegra: 

Relembre o caso

O triste caso da morte da sargento Alcileide Conceição Costa de Freitas, de 44 anos, assassinada pelo companheiro de trabalho, no prédio da 10ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), continua intrigando e comovendo pessoas. Mesmo diante da tragédia, a família da vítima deixará esperança para as pessoas que estão na fila do transplante de órgão, um desejo que Alcileide fazia questão de reafirmar.

A família decidiu doar os órgãos e tecidos da policial militar, pois segundo a família, Alcileide sempre manifestou o desejo de ser doadora.

O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão, como o fígado, rins, e pulmões, por exemplo, a uma pessoa doente por outro órgão saudável do doador.

Vítima chegou a denunciar ameaça

Cerca de 25 dias antes de ser assassinada, a sargento da Polícia Militar Alcileide Conceição Costa de Freitas já dava indícios de que a sua vida estaria em risco. Ela estava sendo ameaçada pelo colega de trabalho, o também sargento da PM, Mário Sérgio da Silva Muca, apontado como autor do crime.

Porém a corporação informou, por meio de nota, que não se ateve ou, ao menos, não foi comunicada sobre o que se passava em um de seus quartéis na capital do Amazonas.

No dia 15 de maio de 2021, ela procurou uma delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência, por ameaça, contra o homem que seria apontado como principal suspeito por sua morte.

Ela declarou que Mário Sérgio teria afirmado “Abre teu olho, tu é o pior verme que existe e tu sabe o que acontece com os vermes”. Mesmo assim, o comando da Polícia Militar da Amazonas, divulgou uma nota, afirmando que a corporação não foi comunicada sobre qualquer tipo de desentendimento ou problemas envolvendo os dois militares até a ocorrência dos fatos.

Alcileide foi assassinada com dois tiros no peito e um no tórax, por volta das 6h, quando ela e Mário Sérgio se preparavam para iniciar os trabalhos na 10ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), localizada no bairro Alvorada. A vítima chegou a ser encaminhada para a unidade de Serviço de Pronto Atendimento (SPA) do bairro, mas já estava morta quando chegou à unidade de saúde.

Por se tratar de um crime militar, o sargento foi encaminhado ao Núcleo Prisional da PM. Até o momento, as motivações do crime ainda não foram esclarecidas pelas autoridades que investigam o caso.

Confira a nota da PM:

A Polícia Militar do Amazonas lamenta a morte da sargento Alcileide Conceição Costa de Freitas e informa que o outro policial militar envolvido no fato foi encaminhado ao Núcleo Prisional da Polícia Militar (NIPPM).

Por envolver policiais militares da ativa, em serviço, com fato ocorrido no interior do quartel, o caso caracteriza-se como crime propriamente militar, com tipicidade indireta no art. 9º, II, “a” do Código Penal, sendo a competência das investigações de responsabilidade da Polícia Judiciária Militar, conforme art. 144, §4º, da Constituição Federal.

A Polícia Militar ressalta, ainda, que a corporação não foi comunicada sobre qualquer tipo de desentendimento ou problemas envolvendo os dois militares até a ocorrência dos fatos.