Americanas pede autorização judicial para financiamento extra de R$ 1 bilhão

Economia – A Americanas informou ao mercado que está pedindo à Justiça o direito de tomar um crédito extra de R$ 1 bilhão. Se for concedido, os acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira – também avaliam aportar um valor semelhante.

Conhecido como DIP, esse tipo de empréstimo é concedido por firmas especializadas em empresas em recuperação judicial. Com autorização da Justiça, esse dinheiro é utilizado para a empresa continuar funcionando e tem preferência de receber em relação aos demais credores quando a companhia voltar a pagar suas dívidas.

A Americanas diz também no comunicado que os bancos credores poderão participar do empréstimo se quiserem. No entanto, existe hoje uma forte tensão entre credores e a empresa.

Foi estabelecida uma importante batalha jurídica. “A Companhia vem discutindo com seus Acionistas de Referência a possibilidade de eles subscreverem até a totalidade do Valor Mínimo.

O Financiamento DIP poderá ser eventualmente substituído por novo financiamento, conversível em ações da Companhia, e que assegurará o direito de preferência de todos os acionistas.”, diz o comunicado.

Recuperação judicial

A empresa enfrenta uma crise desde que, em 11 de janeiro, comunicou ao mercado inconsistências contábeis em torno de R$ 20 bilhões, levando a varejista entrar com um pedido de recuperação judicial dias depois, que foi aceito pela Justiça.

A companhia divulgou dívidas de R$ 42 bilhões e 7.720 credores oficiais, conforme solicitado pela Justiça do Rio de Janeiro. O processo se tornou o 4ª maior de recuperação judicial do Brasil.

Mais da metade da dívida da empresa é com os maiores bancos brasileiros. São mais de R$ 22 bilhões divididos entre apenas nove bancos. O Deutsche Bank responde pela maior exposição à varejista, de US$ 1 bilhão de dólares (R$ 5,2 bilhões).

Além dos bancos, tem até empresas de tecnologia, como Facebook, Twitter e LinkedIn. No documento divulgado também constam dívidas com transportadoras, companhias aéreas, empresas de serviços menores e milhares de pessoas físicas. Entre os credores a receber, consta, inclusive, a brasileira Ambev, que pertence aos mesmos acionistas-referência da Americanas: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Fraldas, xampu, chocolate e balas de goma no formato de dentadura que custam alguns reais somam uma dívida milionária com todos os grandes fornecedores da empresa. Entre as grandes marcas, uma das dívidas que mais chama atenção é com a sul-coreana Samsung, que tem a receber R$ 1,209 bilhão da Americanas.

A dívida tributária, de acordo com a procuradora-geral da Fazenda Nacional, Anelize Almeida, é de R$ 657 milhões.

Via: CNN