Mansão alvo de investigação por enriquecimento ilícito de Amazonino é colocada à venda por R$ 12 milhões

MANAUS – A mansão que serviu de residência para o ex-governador Amazonino Mendes nos anos 90 foi colocada à venda por R$ 12 milhões. O imóvel, localizado às margens do Rio Tarumã, foi o estopim de uma polêmica sobre enriquecimento ilícito do ‘Negão’.

Amazonino adquiriu a mansão em um momento complicado da economia brasileira, o país enfrentava os impactos do ajuste fiscal do Plano Real e milhares de amazonenses passavam um verdadeiro aperto nos bolsos. Enquanto isso, o governador comprava o terreno de mais de 8,6 mil metros quadrados, adquirindo o imóvel por cerca de 4 milhões de doláres, à época – cifra que nos valores atuais supera os R$ 20 milhões.

Quando o escândalo veio à tona, a imprensa local e nacional relatavam que o empreendimento tinha cinco suítes, elevador, salas de jantar, de estar, de tv e cinema, quatro piscinas, lago artificial, jardins, quadra de esporte, além de amplo estacionamento, heliporto e cais.

Em 1997, a Procuradoria da República no Amazonas (MPF) investigou o então governador pela suspeita de formação de cartel com 10 empreiteiras. O MPF apurava se a mansão seria fruto do desvio de recursos públicos dos cofres do estado.

Amazonino se defendeu das acusações dizendo que adquiriu a mansão por R$ 300 mil, fruto de um empréstimo na Caixa Econômica Federal – valor inferior ao divulgado. Um pedido de CPI foi protocolado pelos deputados estaduais da época, mas foi engavetado pelo então presidente da Aleam, deputado Lupércio Ramos, aliado de longa data do Negão. Abafado o escândalo, Amazonino teria vendido o imóvel para um dono que até hoje não foi identificado.

Bastidores

Nos bastidores da política amazonense, a venda do imóvel após a morte de Amazonino Mendes tem gerado suspeitas e especulações sobre a real motivação e não é mera coincidência.

Alguns afirmam que o imóvel nunca deixou de pertencer ao ex-governador, e a tal venda não passou de um esquema de laranja, ou seja, Amazonino passou a mansão para um testa de ferro, mas na prática continuou sendo o verdadeiro proprietário. Agora, com a morte do velho cacique, os herdeiros teriam colocado o imóvel à venda para poder dividir o valor da herança.

Também chama a atenção o estado em que se encontra o imóvel, visivelmente abandonado e deteriorado, é estranho que a mansão tenha ficado nessa situação após sair das mãos de Amazonino e só ser posta à venda com a morte dele.

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