Justiça aceita pedido de recuperação judicial da Cervejaria Petrópolis, dona da Itaipava

Brasil – A Justiça do Rio de Janeiro aceitou na quinta-feira (13) o pedido de recuperação judicial do Grupo Petrópolis, dono das marcas de cerveja Itaipava, Crystal e Petra. A empresa tem dívidas que estavam estimadas em R$ 4,2 bilhões (valores de março), e havia feito o pedido em 27 de março. Com a decisão da juíza Elisabete Franco Longobardi, da 5.ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, todas as ações ou execuções contra a companhia ficam suspensas.

Responsável por 24 mil empregos diretos e 100 mil indiretos estimados, o grupo alegou estar atravessando uma crise de liquidez que já se prolonga por um ano e meio.

Nesse período, a empresa teria registrado uma “drástica redução de receita, em razão da grande queda no volume das vendas”, de acordo com os argumentos apresentados pela defesa, realizada pelo escritório Salomão, Kaiuca, Abrahão, Raposo e Cotta Advogados.

Outro motivo alegado também é o impacto causado pelo “aumento incessante da taxa Selic, utilizada sucessivamente pelo Banco Central como principal ferramenta de política monetária para combater a inflação”.

“Diante do atual nível de endividamento do Grupo Petrópolis e mantidos os spreads das operações atuais, o aumento da Selic/CDI gera um impacto de aproximadamente R$ 395 milhões por ano no fluxo de caixa”, afirmou a empresa. Spread é o nome dado à diferença entre o preço de compra e venda de uma ação ou título, ou resultante de uma transação monetária.

No fim de março, a Justiça já havia concedido uma tutela cautelar de urgência ao grupo, que determinava a liberação dos recursos da empresa pelos Banco Santander, Fundo Siena, Daycoval, BMG e Sofisa. A decisão também nomeava como administradores judiciais o escritório de advocacia Zveiter e a empresa Preserva-Ação, do advogado Bruno Rezende.

O Grupo Petrópolis detém participação de 13% do mercado de cervejas do país. Na petição encaminhada à Justica, solicitando a recuperação judicial, a empresa informou ter vendido no ano passado 24,1 milhões de hectolitros de bebidas, o que representa uma queda de 23% na comparação com 2020. Essa redução significou um recuo de 17% na receita bruta do período.

A companhia também acusou os concorrentes da adotarem um “planejamento tributário abusivo”, condenado pela Receita Federal, para conseguir não repassar o aumento de custos dos últimos dois anos ao consumidor final.

Segundo a defesa do Grupo Petrópolis, a companhia não adotou essa prática e precisou reduzir suas margens para continuar competitiva, o que também a prejudicou.

No pedido de recuperação judicial, a empresa afirmou que as medidas solicitadas eram urgentes e necessárias para evitar o “iminente estrangulamento do fluxo de caixa”, diante do vencimento de dívidas financeiras.

Fonte: R7