Igreja Universal é condenada pela Justiça a pagar indenização de R$ 93 mil por explorar tragédia familiar na TV

BRASIL – A Justiça paulista determinou que a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) indenize em R$ 93,6 mil uma família que teve sua imagem explorada sem autorização em um programa chamado “Vício tem Cura”.

O caso teve início em 2016, quando a TV Record exibiu uma reportagem sobre a morte de um jovem de 21 anos, ocorrida um dia após sua internação em uma clínica de reabilitação para tratar o vício do crack. As imagens desta reportagem foram posteriormente repassadas para a Universal, que as utilizou de forma descontextualizada no mencionado programa.

No processo aberto contra a Igreja e a Record, de acordo com reportagem do Uol, a família alega que o programa em questão fez um juízo de valor sobre sua conduta, insinuando que a internação do jovem teria tido relação direta com sua morte e que um tratamento espiritual teria sido mais eficaz.

A advogada Gabriela Kiapine Silva, representante da família, ressaltou à Justiça que a conduta da Igreja foi “cruel e imoral”, propagando a ideia de que a morte poderia ter sido evitada se a família não tivesse optado pela internação médica. O Ministério Público, em parecer anexado ao processo, também apontou a exposição indiscriminada dos fatos e destacou o QR CODE exibido no programa, visando obter lucro através de doações, o que denota um claro intuito de “explorar comercialmente a dor”.

Por sua vez, a Igreja Universal, fundada por Edir Macedo em 1977, defendeu-se alegando que o programa “Vício tem Cura” não é uma farsa e não tem objetivos comerciais. Afirmou que o programa existe desde 2014 em mais de 70 cidades e que já auxiliou na recuperação de muitos dependentes químicos. Segundo a Universal, o trecho da matéria jornalística foi utilizado com a intenção de ilustrar o programa, não tendo sido direcionada qualquer culpa à família pelo falecimento do jovem.