Vídeo satírico diz que apoiadores estariam em frente a casa de Bolsonaro para evitar prisão

Brasil – O que estão compartilhando: vídeo de pessoas vestidas em verde e amarelo chorando em posição de oração. A legenda diz que apoiadores estariam começando a se acampar em frente à casa do ex-presidente Jair Bolsonaro para evitar que ele se entregue em eventual pedido de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o Estadão, a informação é falsa e não se passa de uma sátira. Não há registro na imprensa profissional de uma aglomeração de aliados no local citado. As páginas que compartilharam a alegação nas redes sociais se descrevem como páginas de humor. O vídeo viralizou dias após a Polícia Federal divulgar uma investigação contra Bolsonaro e aliados próximos por um suposto esquema ilegal de venda de presentes que ele recebeu quando era presidente.

A partir dessa informação, foi feita uma busca no Google por vídeos com as palavras-chave “bolsonaristas oram na Esplanada dos Ministérios”. Os resultados mostram que uma cena semelhante ocorreu durante a apuração do segundo turno das eleições, em 2022. Uma nova busca foi feita com os termos “bolsonaristas chorando depois da eleição”. Dessa vez, foi possível encontrar o vídeo original. Ele foi publicado no YouTube pelo portal UOL, em 30 de outubro de 2022.

Nele, é possível ver algumas das pessoas que também aparecem no vídeo viral: uma mulher de boné branco, com um terço na mão; um homem de camiseta azul que segura um chapéu em frente ao peito; e uma mulher loira que chora e seca os olhos com uma bandeira do Brasil.

Também é possível ver, tanto no vídeo do UOL quanto na postagem viral, que a iluminação dos prédios na Esplanada dos Ministérios está com uma coloração entre rosa e vermelho. Já o prédio do Ministério da Justiça está amarelado. Estes são indicativos que confirmam se tratar da mesma situação.

Em uma busca em veículos da imprensa profissional, não foi encontrada a notícia de uma suposta aglomeração em frente à casa do ex-presidente. Nesta sexta-feira, 18, Bolsonaro compareceu a um evento em sua homenagem em Abadiânia, em Goiás.

Bolsonaro é alvo de investigação

Na última sexta-feira, 11, a Polícia Federal realizou uma operação em investigação que apura a venda ilegal, nos Estados Unidos, de presentes recebidos por Bolsonaro na Presidência. O inquérito coloca o ex-presidente, a sua mulher Michelle e aliados próximos no centro de um suposto esquema criminoso.

Desde 2016, o Tribunal de Contas da União (TCU) tem o entendimento de que qualquer presente recebido pelos presidentes deve ser integrado ao patrimônio da União. A exceção são itens personalíssimos e de uso imediato, como camisetas, bonés e perfumes. A nova decisão levou Lula e Dilma a devolver presentes que estavam em seu patrimônio pessoal.

A Polícia Federal encontrou indícios de que o kit de joias da Chopard recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro foi colocado em leilão nos Estados Unidos, em fevereiro deste ano. O kit continha um relógio, caneta, anel, abotoaduras e um rosário árabe que foram dados ao ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque durante uma viagem oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2021.

Nesta quinta, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal de Bolsonaro e Michelle solicitada pela Polícia Federal. Não há, até o momento, mandado de prisão expedido contra o presidente.

O advogado de Mauro Cid, um dos ajudantes do ex-presidente envolvidos no esquema, disse à revista Veja que o cliente confessaria o cometimento do crime. Menos de 24h depois, recuou e disse que ele assumiria a culpa apenas na venda de um relógio da marca Rolex.

O que podemos aprender: antes de compartilhar um conteúdo, verifique se veículos de imprensa profissional publicaram aquela informação. Temas de relevância como a prisão de um ex-presidente são amplamente noticiados. Também é importante apurar a credibilidade da página ou veículo que compartilha uma informação. Neste caso, as páginas deixam explícito em seus perfis que o conteúdo é humorístico.

Fonte: Estadão