Bruno Araújo e Dom Phillips serão homenageados em festival de cinema na França

Brasil – A abertura do 19ª edição do Festival Brésil en Mouvements (Brasil em Movimento), marcada para a próxima quinta-feira (28) em Paris, na França, fará uma homenagem ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista britânico Dom Phillips, assassinados no Vale do Javari, no Amazonas, em junho de 2022. O festival de cinema apresentará 13 filmes sobre a realidade brasileira.

Na noite de abertura, o público parisiense poderá assistir ao documentário “A Invenção do Outro” de Bruno Jorge, numa sessão com a presença do diretor. Neste filme, o antropólogo Bruno Pereira lidera uma das mais importantes missões já realizadas para contatar com povos isolados nas profundezas da floresta amazônica, no Vale do Javari, onde foi posteriormente assassinado.

A antropóloga Beatriz Matos, viúva de Bruno Pereira, participará da cerimônia de abertura à distância. Atualmente ela é responsável pelo Departamento de Proteção Territorial dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato do Ministério dos Povos Indígenas do Brasil, criado por Lula (PT) e liderado por Sonia Guajajara.

Entre 28 de setembro e 4 de outubro, o festival vai exibir 13 documentários, quase todos inéditos na França e com a presença dos diretores. Os filmes tratam, em sua maioria, sobre questões ligadas à causa dos povos indígenas, disputas de terra e a preservação ambiental.

Entre 28 de setembro e 4 de outubro, o festival vai exibir 13 documentários, quase todos inéditos na França e com a presença dos diretores. Os filmes tratam, em sua maioria, sobre questões ligadas à causa dos povos indígenas, disputas de terra e a preservação ambiental.

Confira a seguir alguns dos convidados do festival

Braulina Aurora Baniwa – convidada de honra

Convidada de honra da 19ª edição do festival de documentários Brasil em Movimento, a antropóloga e ativista pelos direitos das mulheres e dos povos indígenas é conhecida por sua atuação na luta contra o marco temporal. Ela é uma das organizadoras da marcha das mulheres indígenas em Brasília, que em sua última edição, no dia 13 de setembro, reuniu mais de oito mil pessoas.

Na sessão solene da Câmara dos Deputados que homenageou a marcha, Braulina esteve ao lado da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, para criticar a mineração ilegal em terras demarcadas e exigir a participação das mulheres indígenas nas decisões que afetam suas comunidades. No seu discurso, salientou a violência sofrida pelos povos indígenas em resultado de projectos realizados sem a sua participação.

Braulina também é co-fundadora da organização ANMIGA (Articulação Nacional de Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade), que reúne mulheres indígenas de 6 biomas brasileiros e busca fazer com que suas vozes sejam ouvidas e compartilhar sua visão de mundo, enraizada na conexão espiritual e corporal com a terra e na preservação do território sagrado.

Marina Weis – codiretora do filme Vento na Fronteira

Marina Weis nasceu em São Paulo, Brasil, e realizou cinco curtas-metragens como fotógrafa, produtora e montadora. Organizou a apresentação do filme “Memória e Transformação” para o Instituto Vladimir Herzog e a curta-metragem “Vlado e Birri: encontros”, com Laura Faerman, ambos enquadrando a memória dos anos da ditadura militar na América do Sul.

Bruno Jorge – realizador do filme “L’invention de l’autre” (A invenção do outro)

Depois de uma formação em comunicação, Bruno Jorge estudou cinema documental na ESEC, em Paris, França. Tem um mestrado em artes do espetáculo pela Universidade de Liège, na Bélgica. Estudou também em Toronto, Canadá, e na EICTV em Havana, Cuba. Até a data, realizou e editou mais de 10 curtas e médias-metragens, incluindo ficção e documentários. Os seus filmes foram selecionados e premiados em vários festivais, incluindo o Festival de Cinema de Cannes – Cinéfondation (2006) e o Festival Internacional de Cinema de Roterdã.
Barbara Pettres – codiretora do filme Vãnh gõ tõ Laklãnõ

É jornalista, produtora e diretora. Vãnh gõ tõ Laklãnõ é o seu primeiro filme. É produtora e assessora de comunicação de longas-metragens, curtas-metragens e festivais de cinema há 20 anos. Codirigiu “Vãnh gõ tõ Laklãnõ” com Walderes Coctá Priprá – o primeiro arqueólogo indígena do sul do país – e Flávia Person.
Clementino Junior, diretor do filme Romão

Clementino Junior é o cineasta negro que mais produz filmes no Brasil, a maioria deles autofinanciados. Dos seus 28 filmes, incluindo dois documentários de longa-metragem e 26 curtas-metragens, “Romão” é a obra mais recente. É também educador audiovisual e ambiental, pesquisador do GEASur, curador, crítico, artista visual e fundador de dois cineclubes: o CAN – Cineclube Atlântico Negro, e o CineGEASur. Em 2019, recebeu o diploma Heloneida Studart da ALERJ, importante distinção cultural do país, por sua contribuição ao estado do Rio de Janeiro com o trabalho educacional, cinematográfico e artístico.