Secretário que tramou atentado contra empresária Cileide Moussallem é demitido do cargo em Manaus

Manaus – Após vazar um áudio de tramoias feitas contra a empresária Cileide Moussallem, dona do Portal CM7, o titular da Secretaria de Cidades e Territórios (Sect), João Coelho Braga, conhecido como Braguinha, foi demitido do cargo da pasta.

No áudio divulgado, Braguinha é ouvido falando sobre um assalto encomendado que teria como alvo Cileide Moussallem e sua família. O homem ainda menciona outros empresários, mas afirma que seu alvo principal seria Cileide com o suposto atentado.

“Fui lá com o Paulo Lima, fui lá com a mulher do Paulo Lima, fui lá com o Pascarelli. Mas não, tem que ser nela mesmo (Cileide), pra ela lembrar. […] Vai ser um assalto. Não te preocupa não. Isso eu sei fazer, já fiz vários”, afirma Braguinha.

Também no áudio vazado, João Braga chama a justiça do Amazonas de corrupta. “Com esse pessoal não adiante, porque a nossa justiça é tão corrupta que tem medo de Ronaldo Tiradentes, Cileide. Então o que tem que fazer? Dá um susto, dá um susto”, disparou Braguinha em conversa.

Em sua fala ele também menciona seu homem de confiança, Ronaldo Roberto Reis Lauria, conhecido apenas como Lauria, e diz que lhe passou a ordem para executar o atentando contra Cileide Moussallem.

“Chamei o Lauria, o Lauria faz o que eu quero mesmo e disse para ele: ‘faça isso aqui, que eu vou resolver isso aqui’. Fui lá com o Paulo Lima, pedi, fui lá com a mulher do Paulo Lima, fui lá com o Pascarelli”, disse ele.

Após tomar conhecimento da ameaça de morte de Braguinha, Cileide Moussallem, disse que está tomando todas as providências necessárias para garantir sua segurança. A empresária registrou um Boletim de Ocorrência (B.O) e afirmou que não se deixará intimidar por qualquer tentativa de censura ao seu trabalho jornalístico de divulgação de informações de interesse público.

Substituído por uma mulher

De acordo com anúncio do governo do Amazonas, a partir desta quarta-feira (27) a Secretaria de Cidades e Territórios (Sect) será comandada pela advogada Renata Queiroz, que é especialista em direito público e que já atua há 10 anos no poder público, em cargos técnicos do Legislativo e Executivo.

Acusado de superfaturamento

Em sua gestão a frente da Sect, João Braga foi acusado de superfaturar mais de R$ 21 milhões referente a desapropriações supostamente irregulares de três imóveis localizados no bairro Zumbi dos Palmares, zona Leste de Manaus. A denúncia foi feita pelo ex-deputado federal José Ricardo (PT) ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), apontando irregularidades por parte da pasta.

Segundo a Diretoria de Controle Externo de Obras Públicas (DICOP), órgão subordinado ao Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), a Sect teria realizado pagamentos de desapropriações no valor de R$ 121.088.495 milhões, quantia considerada superfaturada em relação ao preço de mercado dos imóveis. Ainda de acordo com o órgão, o total pago pelas desapropriações acima do valor de mercado chega a R$ 21.038.926,50 milhões.

Notificado pelo TCE-AM

Diante dos fatos a DICOP notificou João Coelho Braga e solicitou apresentação razões de defesa, justificativas ou documentos relacionados aos pagamentos efetuados.

“Opina-se que o Relator determine a emissão das notificações e ofícios acima pleiteados por este Parquet, dada a necessidade de esclarecimentos, em face da grande dubiedade de informações, patente infração à lei, açodamento de etapas do processo, inobservância pela SECT de orientação da PGE, assunção pelo Estado do pagamento relâmpago de uma desapropriação que estava sendo questionada no âmbito judicial pelo município de Manaus e, ainda, a quem de direito já não era mais proprietária dos imóveis”, diz o parecer assinado pelo procurador de contas Roberto Cavalcante.