Pesquisa! Amazônia pode virar savana até 2050

A Amazônia pode atingir o ponto de não retorno até 2050, entrando em uma degradação irreversível. Pesquisa liderada por cientistas brasileiros, incluindo Carlos Nobre, alerta sobre o risco real de savanização da região devido ao aumento de desmatamentos e incêndios florestais.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, entre janeiro e junho deste ano, houve 12.696 focos de incêndio na Amazônia, um aumento de 76% em relação ao ano anterior.

“Se continuarmos com o aquecimento global e não zerarmos logo os desmatamentos, degradação e fogo, sim, passaremos o ponto de não retorno até 2050”, alerta Carlos Nobre.

O estudo, divulgado em fevereiro, prevê um aumento de 10 a 30 dias secos consecutivos e um aumento de temperatura entre 2°C e 4°C na Amazônia. Desde 1980, a região tem aquecido a uma taxa média de 0,27°C por década durante a estação seca, com intensificação desde 2000.

Os cientistas afirmam que a Amazônia poderá sofrer transformações significativas, afetando recursos e biodiversidade. Se a degradação continuar, a floresta pode enfrentar um colapso parcial ou total até 2050, com 10% a 47% das florestas expostas a graves ameaças, exacerbando as mudanças climáticas regionais.

Atualmente, 17% da floresta foi degradada por atividades humanas como exploração madeireira e incêndios.

Impacto na população

A Amazônia abriga mais de 40 milhões de pessoas, incluindo 2,2 milhões de indígenas de mais de 300 etnias, além de comunidades locais e afrodescendentes. A floresta contém mais de 10% da biodiversidade terrestre e armazena carbono equivalente a 15 a 20 anos de emissões globais de CO₂.

Principais fatores de estresse:

  • Aumento da temperatura média global acima de 1,5°C;
  • Chuvas abaixo de 1.800 mm;
  • Estação seca superior a cinco meses;
  • Desmatamento acima de 10% da cobertura original.

O estudo sugere ações locais e globais para evitar esse cenário. “Manter a resiliência da Amazônia dependerá de esforços locais para acabar com a degradação e expandir a restauração, além de esforços globais para parar as emissões de gases de efeito estufa”, destaca o estudo.

Confira o estudo completo aqui.

O artigo, desenvolvido ao longo de três anos, foi divulgado em fevereiro e é liderado por Marina Hirota e Bernardo Flores, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com financiamento do Instituto Serrapilheira. Dos 24 autores, 14 são brasileiros.