Eleições: Trump vence Biden no primeiro debate presidencial nos Estados Unidos

O primeiro debate presidencial da corrida à Casa Branca foi um desastre para Joe Biden. Nem os mais otimistas apoiadores de Donald Trump esperavam algo tão ruim. Durante o evento, mensagens vazadas mostravam democratas discutindo se a convenção do partido em agosto deveria considerar outros candidatos. Reconhecem que será mais difícil convencer doadores a contribuírem para a campanha. Se nem seus aliados acreditam que o presidente de 81 anos tem condições de liderar o país, é difícil imaginar que indecisos, independentes e republicanos anti-Trump se animem a votar por sua reeleição.

Biden precisava mostrar no debate que está apto e que seu adversário é uma ameaça à democracia. Falhou em ambas as frentes.

No primeiro bloco, Biden não conseguiu se expressar de forma coerente ao tentar comparar suas ações na saúde pública com o desastre do governo Trump na pandemia. Confuso, começou a falar do Medicare, o sistema de saúde pública para americanos com mais de 65 anos ou em vulnerabilidade social, sem sentido. Foi um dos momentos mais constrangedores da noite, com o presidente emudecendo sem concluir o raciocínio.

Em tópicos como economia, direito ao aborto, imigração e invasões russas na Ucrânia, Trump se mostrou mais assertivo. Soube usar o formato do debate a seu favor, mentindo e distorcendo fatos sem ser contestado. Até jurou que “não fez sexo com uma atriz pornô,” referindo-se ao pagamento a Stormy Daniels para silenciar sobre um caso que poderia prejudicá-lo na disputa com Hillary Clinton em 2016.

Trump tentou minimizar seus problemas com a Justiça, dizendo ser agora “tão condenado quanto Hunter Biden,” filho do presidente sentenciado por omitir sua dependência química ao comprar uma arma. Repetidamente, chamou Biden de criminoso. Na acusação mais grave, disse que Biden tinha “sangue nas mãos” por “afrouxar as fronteiras” e deixar “terroristas, inclusive da América do Sul,” entrarem no país e matarem cidadãos americanos. Biden reagiu, enumerando mecanicamente medidas de endurecimento da segurança nas fronteiras.

No segundo bloco, Biden, que segundo democratas “pegou um resfriado,” pareceu acordar, conseguindo falar de energia limpa e crise climática. Mas já era tarde demais.

O debate foi um passeio para Trump, que evitou responder se aceitaria o resultado das eleições. Em Atlanta, afirmou que aceitaria o resultado “se o processo for justo, legítimo e correto.” Se isso significa vencer no Colégio Eleitoral, como em 2016, Trump ficou mais próximo de seu objetivo após a performance de Biden. O pânico no flanco democrata faz sentido.