Brasil – Ex-chefe da Secom no governo passado e advogado de Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten criticou uma postagem do candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB), que utilizou as redes sociais para comparar a cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) a facada no ex-presidente, em 2018.
— É inadmissível fazer a comparação com a facada que o presidente foi vítima, que deixou sequelas até hoje. É oportunismo politico. A população não perdoa — afirmou o advogado à Folha de S. Paulo.
Na postagem, Marçal questiona “por que todo esse ódio?”. O ex-coach também compara a agressão no debate ao atentado a tiro contra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, ocorrido em julho deste ano.
Outros aliados de Bolsonaro também criticaram a comparação do candidato e ex-coah.
Como mostra a coluna Malu Gaspar, Datena ganhou 40 mil novos seguidores nas redes sociais após o episódio. A informação é de um levantamento da consultoria digital Bites. Já Marçal conquistou 400 mil novos seguidores – dez vezes mais do que o tucano. A pesquisa indica que no Instagram sua base de apoiadores variou 8,2%. Os números foram computados no início da tarde desta segunda-feira.
A agressão ocorrida no debate da TV Cultura deste domingo não foi comentada por membros da família do ex-presidente até o início da noite desta segunda-feira. Um levantamento do GLOBO mostra que, entre parlamentares do núcleo bolsonarista, mesmo as postagens que trataram do episódio focaram em críticas à postura do apresentador, sem prestar solidariedade direta ao ex-coach.
Filhos do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) colecionam atritos com Marçal durante este período eleitoral e não se manifestaram sobre o episódio. Tampouco o fez o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Aceno de Bolsonaro a Marçal
Pouco mais de duas semanas após Bolsonaro fazer acenos para a campanha de Marçal à prefeitura de São Paulo, o ex-presidente recalculou a rota recentemente. O ex-presidente compartilhou em sua lista de transmissão no WhatsApp, destinada a aliados políticos, um vídeo antigo com críticas de Marçal a igrejas católicas e evangélicas.
No início do mês, alguns gestos do clã e do próprio Bolsonaro indicavam uma proximidade dele com o ex-coach. Antes das manifestações do Sete de Setembro, Bolsonaro gravou um vídeo dizendo que “qualquer candidato” poderia subir no carro de som do ato. A mensagem foi entendida como uma brecha para Marçal. No mesmo dia, Carlos Bolsonaro se reconciliou com o candidato do PRTB.
A ação de Bolsonaro ocorre no dia seguinte a outra manifestação do líder do PL a favor da campanha de Nunes. Na chamada de vídeo, Bolsonaro parabeniza o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pelo trabalho que ele vem fazendo no estado e também pelo apoio que deu ao atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).
As duas ações ocorreram após a divulgação da última pesquisa Datafolha mostrar Nunes numericamente à frente de seus adversários no Datafolha.
Nunes tem o apoio formal de Bolsonaro na disputa, mas tem visto uma transferência das intenções de voto dos bolsonaristas para Marçal. Desde o início da campanha, o ex-presidente não participou de nenhuma agenda pública com o emedebista e os dois ainda não gravaram juntos para o horário eleitoral de TV e rádio, o que aliados do prefeito ainda preveem que ocorrerá.