Taxa de juros do cartão de crédito rotativo sobe para 438,4% ao ano

Cartões de crédito

O cenário do crédito no Brasil revela uma disparidade nas taxas de juros: enquanto algumas caem, os juros do rotativo do cartão de crédito subiram 11,5 pontos percentuais em setembro, alcançando 438,4% ao ano. Apesar da limitação do rotativo implementada no início do ano, as taxas permanecem voláteis e sem quedas significativas.

Essa medida visa controlar o endividamento, mas não se aplica às taxas pactuadas no momento da concessão do crédito, afetando apenas novos financiamentos. Nos últimos 12 meses até setembro, os juros do rotativo tiveram uma leve queda de 2,7 pontos percentuais. O Banco Central (BC) divulgou os dados das Estatísticas Monetárias e de Crédito nesta quarta-feira (30), em Brasília.

O crédito rotativo, que permite que consumidores paguem menos que o total da fatura do cartão e contraiam um empréstimo, é uma das modalidades com juros mais altos. Após 30 dias, as instituições financeiras começam a parcelar a dívida, e os juros nessa categoria aumentaram 3,8 pontos percentuais em setembro, totalizando 185,8% ao ano.

No entanto, a taxa média de juros para concessões de crédito livre a famílias subiu 0,5 ponto percentual em setembro, atingindo 52,4% ao ano, embora tenha registrado uma redução de 4,9 pontos percentuais nos últimos 12 meses. Essa queda é atribuída a menores taxas em crédito consignado, aquisição de veículos, desconto de cheques e arrendamento mercantil.

Os dados também mostram que os juros do cheque especial aumentaram 4,2 pontos percentuais em setembro, alcançando 137,1% ao ano, apesar do limite de 8% ao mês imposto desde 2020. O fim da queda na taxa Selic e o aumento da inadimplência impactaram essa alta.

Entre as operações com empresas, os juros médios do crédito livre caíram 0,3 ponto percentual em setembro e 2,2 pontos percentuais em 12 meses, somando 20,7% ao ano. Notáveis reduções ocorreram nas taxas de capital de giro e no cartão de crédito rotativo, mas o cheque especial teve uma alta de 6,5 pontos percentuais no mês.

A taxa média de juros nas concessões, considerando recursos livres e direcionados, caiu 0,1 ponto percentual em setembro e 2,6 pontos percentuais em 12 meses, alcançando 27,6% ao ano.

Em setembro, as concessões de crédito totalizaram R$ 636,4 bilhões, com aumento de 2,2%, refletindo crescimento de 0,8% para pessoas físicas e 3,9% para empresas. O estoque de empréstimos no Sistema Financeiro Nacional atingiu R$ 6,179 trilhões, com um crescimento de 1,2% em relação a agosto.

A inadimplência permaneceu estável em 3,2% em setembro, com 3,8% para pessoas físicas e 2,4% para jurídicas. O endividamento das famílias aumentou para 47,9% em agosto, enquanto o comprometimento da renda ficou em 26,8%, refletindo uma leve alta em relação ao mês anterior. Esses dados são baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do IBGE.