Cartão polêmico: ex-Amazonas FC, Ênio tem nome envolvido em esquema de apostas irregulares

Um relatório da Associação Internacional de Integridade nas Apostas Esportivas (IBIA) revelou movimentações suspeitas envolvendo apostas no cartão amarelo recebido por Ênio, atacante do Juventude, na partida contra o Vitória, válida pela 1ª rodada do Campeonato Brasileiro. De acordo com o documento, 111 usuários apostaram cerca de R$ 56,7 mil especificamente na advertência ao jogador, levantando fortes indícios de manipulação.

Grande parte dessas apostas partiu de contas recém-criadas, muitas delas realizando sua primeira movimentação justamente nesse lance. O alerta foi encaminhado à CBF na semana passada e repassado a órgãos como o Ministério Público, o STJD e federações estaduais. Até o momento, a confederação não se pronunciou publicamente.

Após receber a notificação, o Juventude afastou Ênio da partida contra o Botafogo, realizada no sábado (6), inicialmente alegando que o jogador estava envolvido em uma possível negociação. Após o jogo, no entanto, o técnico Fábio Matias confirmou que o afastamento ocorreu por conta do conteúdo do relatório.

Cinco casas de apostas foram citadas no documento. Em uma delas, 22 usuários apresentaram comportamento suspeito — 12 no Brasil, responsáveis por apostas que somaram R$ 27,6 mil e resultaram em lucros de R$ 40,3 mil. Apostas de usuários europeus somaram mais R$ 3 mil. Outra operadora detectou 60 contas suspeitas, sendo 10 recém-criadas, com apostas que totalizaram R$ 12,4 mil.

Uma terceira plataforma identificou 29 contas novas apostando R$ 13,7 mil no cartão de Ênio. Alguns apostadores tentaram inclusive ultrapassar o limite de valor permitido, mas foram barrados pelos sistemas das plataformas. Uma sexta casa de apostas também teria identificado movimentações atípicas.

O cartão foi aplicado aos 36 minutos do primeiro tempo por reclamação, segundo a súmula do árbitro Paulo Cesar Zanovelli. Apesar de comum, o lance atraiu um volume anormal de apostas.

O relatório também aponta que ao menos três dos apostadores identificados são atletas profissionais, o que infringe regulamentos da FIFA, da CBF e a legislação brasileira, que proíbem jogadores de se envolverem em apostas esportivas.

Em nota, a CBF informou que casos analisados pela Unidade de Integridade tramitam sob sigilo. Já a Sportradar, empresa responsável pelo monitoramento, declarou que não comenta investigações em curso.