Com queda histórica, malária recua no Amazonas após reforço no combate à doença

Entre janeiro e maio de 2025, o Amazonas atingiu a maior redução nos registros de malária em mais de uma década. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), foram contabilizados 17.204 casos no período, contra 19.568 no mesmo intervalo de 2024 — uma diminuição de 24,5%, a mais significativa desde 2011.

A queda é atribuída a uma série de medidas reforçadas de prevenção e controle, como a distribuição de mosquiteiros tratados com inseticida, ampliação dos testes rápidos, uso da tafenoquina (medicação de dose única para infecções por Plasmodium vivax) e ações educativas em comunidades mais suscetíveis à transmissão da doença.

Embora a malária ainda represente um desafio constante para a saúde pública no estado, historicamente responsável por parte expressiva dos casos no Brasil, o reforço na cooperação entre municípios, governo estadual e federal começa a apresentar resultados concretos.

Avanço nacional no combate à malária

No cenário nacional, a luta contra a doença ganhou impulso com a criação da Frente Parlamentar pela Eliminação da Malária no Brasil (FPEMA), lançada em 17 de junho, em Brasília. O grupo atuará em colaboração com o Ministério da Saúde, com a meta de erradicar a malária do território nacional até 2035.

Durante o lançamento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância da articulação política: “Essa frente é ativa, engajada e focada em resultados. Se trabalharmos unidos, com inovação e determinação, podemos alcançar um marco histórico na saúde pública brasileira.”

A estratégia nacional contra a malária se apoia em cinco pilares: vigilância epidemiológica, planejamento e financiamento, políticas públicas, pesquisa científica e impacto das mudanças climáticas.

Segundo o Ministério da Saúde, o número de casos em todo o país também apresentou queda. De janeiro a abril de 2025, foram notificados aproximadamente 34 mil registros — uma redução de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram contabilizados 45 mil casos. A maior parte das infecções ainda se concentra na Região Amazônica, responsável por 99% do total.

Desempenho por estado

Seis estados da Amazônia Legal apresentaram recuo nos números:

  • Mato Grosso: de 438 para 193 (queda de 55,9%)

  • Rondônia: de 2.786 para 1.513 (queda de 45,7%)

  • Roraima: de 11.701 para 7.126 (queda de 39%)

  • Pará: de 8.295 para 5.530 (queda de 34%)

  • Amapá: de 1.572 para 1.320 (queda de 16%)

  • Amazonas: de 19.568 para 17.204 (queda de 12% nos dados nacionais até abril)

Por outro lado, Acre e Maranhão registraram ligeiro aumento nos casos no mesmo período.

Investimentos e metas até 2030

Para intensificar as ações de enfrentamento à doença, o Ministério da Saúde destinou mais de R$ 47 milhões nos anos de 2024 e 2025. A iniciativa faz parte do programa Brasil Saudável, que tem como meta eliminar 11 doenças e 5 infecções de transmissão vertical como problemas de saúde pública até o ano de 2030.

O plano federal será implementado em duas fases. A primeira, com foco em 16 municípios prioritários, segue até 2026. A segunda etapa, com vigência até 2030, ampliará o escopo para 32 municípios, com ações estruturadas de diagnóstico, controle vetorial, capacitação técnica e microplanejamento local.

Com planejamento, recursos e articulação política, o país caminha para reduzir ainda mais os casos e, eventualmente, eliminar a malária como problema de saúde pública.