Maconha líquida: entenda a substância apreendida em esquema de tráfico internacional

Na manhã desta segunda-feira (6), a Polícia Federal e a Receita Federal desarticularam um esquema de tráfico internacional que importava maconha líquida disfarçada em garrafas de whisky vindas dos Estados Unidos. A apreensão ocorreu durante uma fiscalização de rotina no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, quando os agentes identificaram remessas contendo óleo de cannabis rotuladas como bebida alcoólica.

Não é a primeira vez que a maconha líquida é apreendida no estado do Rio de Janeiro. Em 2022, a Receita Federal confiscou mais de 1 kg da substância transportada dentro de frascos de perfumes, também vindos dos EUA, em operação realizada no mesmo aeroporto.

O que é maconha líquida

A maconha líquida é um extrato altamente concentrado dos compostos ativos da planta Cannabis, obtido por processos de extração que resultam em substâncias oleosas ou semi‑líquidas. O líquido concentra os canabinoides, como o tetrahidrocanabinol (THC), responsável pelo efeito psicoativo, e o canabidiol (CBD), associado a propriedades terapêuticas.

Uso medicinal

O óleo de cannabis é utilizado principalmente para fins terapêuticos, administrado em gotas sublinguais ou cápsulas. Ele é indicado para tratar epilepsia refratária, dor crônica, espasticidade em pacientes com esclerose múltipla e para aliviar desconfortos de pacientes oncológicos. Estudos também apontam benefícios em casos de ansiedade, estresse pós-traumático, Parkinson, Alzheimer, distúrbios do sono e doenças intestinais.

Uso recreativo

Embora ilegal, o uso recreativo ocorre principalmente por meio de cigarros eletrônicos (“vapes”) ou produtos comestíveis, que buscam altas concentrações de THC para potencializar o efeito psicoativo, incluindo relaxamento mental, alteração da percepção sensorial e aumento de apetite.

Um exemplo recente do uso medicinal é o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), que, aos 84 anos, revelou utilizar óleo de cannabis no tratamento de Parkinson, relatando melhora de tremores e dores musculares. O produto ainda é importado, já que não há distribuição pelo SUS, e Suplicy defende a regulamentação da cannabis medicinal no Brasil para ampliar o acesso seguro a pacientes.

Levantamentos indicam que cerca de 20% das pessoas que buscam tratamento com cannabis medicinal são idosos, grupo mais afetado por doenças neurodegenerativas.