
Brasil – Fabricantes de veículos instalados no Brasil estão preocupados com uma possível repetição da crise de falta de componentes eletrônicos que atingiu a produção de montadoras do país durante a pandemia, afirmou a associação do setor, Anfavea, nesta quinta-feira.
“A urgência é evidente, e a mobilização se faz necessária para evitar um colapso na indústria”, afirmou o presidente da entidade, Igor Calvet, em comunicado à imprensa que veio enquanto uma comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita países asiáticos nesta semana, começando pela Indonésia, nesta quinta-feira.
A nova “crise dos chips” temida pelo setor automotivo brasileiro é derivada de disputas entre Holanda e China envolvendo a fabricante de microprocessadores Nexperia. A preocupação começou há alguns dias na Europa, com montadoras instaladas no continente, como a Volkswagen, citando risco de paralisação de produção por falta de componentes.
A China proibiu exportações de produtos da Nexperia, o que atingiu redes de fornecedores de montadoras que além da Volkswagen incluem BMW e Mercedes.
Pequim anunciou as restrições depois que o governo holandês assumiu o controle da Nexperia devido a questões de propriedade intelectual relacionadas à controladora chinesa Wingtech, que foi colocada em uma lista do governo dos Estados Unidos no ano passado, sinalizando-a como um possível risco à segurança nacional norte-americana.
A Nexperia fabrica chips que não são considerados sofisticados, mas são necessários em grandes volumes e amplamente utilizados nas indústrias automotiva e de eletrônicos de consumo. A maioria dos chips da empresa é produzida na Europa e finalizada na China e não está claro quanto tempo os estoques vão durar.
Fontes do setor afirmaram à Reuters que a troca de fornecedores é possível, com a Infineon, NXP e Texas Instruments sendo citadas como possíveis alternativas, mas isso demanda tempo devido aos processos de aprovação necessários pelas montadoras.
Segundo a Anfavea, um veículo moderno usa, em média, de 1.000 a 3.000 chips. “Sem esses componentes, as fabricantes não conseguem manter a linha de produção em andamento”, afirmou a entidade.
“Nesse sentido, a Anfavea já alertou o governo federal para que tome medidas rápidas e decisivas para evitar o desabastecimento de semicondutores no país”, afirmou a entidade no comunicado sem detalhar.
Procurado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços não comentou o assunto de imediato.






