
Brasil – A Polícia Federal (PF) deverá produzir um relatório técnico para embasar a ação movida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), após o parlamentar divulgar nas redes sociais uma montagem que associa o petista às facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV).
De acordo com o portal Metrópoles, a ação de Lula junto à Advocacia-Geral da União (AGU), movida em maio deste ano, foi remetida à PF. Desde o começo do ano, então, o pedido percorreu diferentes instâncias até chegar à PF, que integra a pasta do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), chefiada por Ricardo Lewandowski.
“A AGU recebeu do Presidente da República pedido de representação para a adoção das medidas cíveis e penais cabíveis face à publicação ofensiva à sua honra efetuada pelo senador Flávio Bolsonaro”, informou a AGU em nota oficial.
Após análise jurídica, o caso foi encaminhado ao Ministério da Justiça com base no artigo 145 do Código Penal, que determina que a representação do presidente em casos de crimes contra a honra cabe à própria pasta. A PF, portanto, deverá reunir os elementos necessários para subsidiar a ação judicial contra o senador.
Segundo a AGU, a representação busca responsabilizar Flávio Bolsonaro tanto na esfera cível, por danos morais, quanto na esfera penal, por crimes contra a honra — como difamação e injúria. A PF deverá identificar elementos que comprovem o dolo e o alcance da publicação.
A publicação de Flávio Bolsonaro
A postagem que gerou a reação do presidente trazia uma montagem com a foto de Lula — tirada na época em que ele foi detido pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) durante a ditadura militar — ao lado de imagens de Marcola (líder do PCC) e Fernandinho Beira-Mar (do Comando Vermelho). Na legenda, Flávio escreveu: “CV, PCC e PT: as 3 facções mais perigosas do Brasil”.
A publicação viralizou entre perfis bolsonaristas e foi apontada por aliados do governo como um novo episódio de disseminação de fake news contra o presidente.
Família Bolsonaro agindo em conjunto contra Lula
Além da publicação de Flávio nas redes sociais, outro que tentou atrelar a figura do presidente Lula ao narcotráfico foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA há oito meses, e assumiu articular as sanções do presidente Donald Trump contra o próprio país.
“Moraes está usando o poder da sua caneta para proteger o Lua, sabendo que o Lula tem vinculação com o tráfico de drogas e terrorismo internacional”, falou Eduardo Bolsonaro nas redes sociais, em um corte de uma entrevista.
Atrelado à possível guerra dos EUA na Venezuela, que não se sabe ainda quando exatamente haverá a intervenção, está o discurso da caça ao terror, sob o argumento de que terroristas significam uma ameaça aos EUA e que, por isso, seria necessário uma ação deles em outros países. A Fórum elencou, em julho, algumas das vezes que os EUA tentou também intervir no Brasil só no começo deste ano.