
A cada dez picanhas consumidas no mundo, duas vêm de gado criado em pastos brasileiros. O Brasil é referência mundial em pecuária bovina, mas a produção de carne do tipo picanha deve registrar queda em 2026, e recuperar o ritmo será um desafio.
De acordo com estimativas da Confederação Nacional da Agricultura e da Pecuária, a produção de carne bovina no país deve cair 4,5% em 2026 em relação ao ano anterior, principalmente pela dificuldade de reposição de animais — ou seja, há menos fêmeas disponíveis para procriação. Em 2025, os abates aumentaram, especialmente o de vacas, que cresceu 45%.
A reprodução bovina tem características que impactam diretamente a oferta de carne. A gestação de uma vaca dura nove meses e normalmente resulta em apenas um bezerro por vez. Já os touros podem fecundar várias fêmeas simultaneamente. Substituir uma fêmea abatida é mais complexo, exigindo tempo para que ela atinja a maturidade reprodutiva. Enquanto o sêmen de um macho pode ser aumentado facilmente, a reposição de uma fêmea leva anos.
Algumas fêmeas da raça Jersey podem gestar a partir do 11º mês de vida com tecnologia e melhoramento genético, mas isso é exceção. No Brasil, as raças zebuínas, como o Nelore — gado branco originário da Índia — são mais adaptadas. A maturidade para reprodução dessas fêmeas pode levar até três anos, mas especialistas estimam que, em média, ocorre entre 13 e 24 meses, dependendo da nutrição e das condições do animal.
Após atingir a idade reprodutiva, a vaca gera um bezerro por vez, com nove meses de gestação. Depois, o animal precisa de cerca de 24 meses para atingir o ponto de abate. Cada bovino resulta em, no máximo, duas peças de picanha, e esse processo completo, da concepção até o frigorífico, leva quase três anos — sem contar o tempo para o corte chegar ao açougue e à mesa do consumidor.




