“Vamos reconstruir o Cantinho”, afirma diretora de creche alvo de ataque em Blumenau

BRASIL – Amor e fé. Esses são os dois principais pilares que a direção do Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor pretende se agarrar para seguir adiante. Três dias depois do ataque que deixou quatro crianças mortas na unidade de ensino, em Blumenau, professoras e administradora falaram sobre os momentos de terror e como planejam voltar ao trabalho.

Alconides Ferreira, professora aposentada e diretora do educandário, revelou que tem recebido apoio de dezenas de pais, incluindo os enlutados. Como uma grande família, 30 profissionais e mais de 200 pais que têm filhos matriculados no local tentam, juntos, encontrar uma forma de continuar. O CEI pretende retomar as atividades na próxima quarta-feira (12).

Na terça-feira (11), uma reunião entre a creche e vários órgãos, como prefeitura, Ministério Público, polícia, Tribunal de Justiça, deputados e governo estadual deve debater como será essa retomada. Rede pública e privada de Saúde já se disponibilizaram a oferecer assistência psicológica aos educadores, crianças e parentes, contou Alconides. Mas é preciso ir além, avalia.

— A morte deles não pode ter sido em vão. Tem que haver mudanças — pediu em uma entrevista coletiva à imprensa neste sábado (8).

Alconides não conseguiu detalhar quais são as alterações. Ainda muito abalada, disse entre lágrimas que as leis precisam ser endurecidas para casos como esse. E, claro, apostar que a educação e o amor são elementos-chave para um futuro melhor.

— A dor tomou conta da gente, mas vamos reconstruir o Cantinho. O amor vai vencer. Temos que focar em pessoas boas, não nesse fato isolado — refletiu.

Para as “profes”, o ânimo para seguir em frente virá das crianças. Dos abraços, dos sorrisos, das palavras de carinho diariamente repetida pelos pequenos.

— Não sabemos de onde vamos tirar forças, mas virá deles. É por eles (que vão continuar a lecionar) — afirmou a professora Adriele Vicente.

Além da diretora e professoras, dois pais participaram da coletiva. Um deles, Fábio Júnior Santos, cujo filho foi ferido no ataque, agradeceu a atuação das profissionais:

— Temos heroínas aqui, mulheres que poderiam ter perdido a vida naquele momento. Quero agradecer a vocês. Foi uma covardia. O Davi (filho de Fábio) está em casa, mas têm outros quatro que não — lamentou ao pedir por Justiça.

Relembre o caso

O ataque ocorreu por volta das 9h de quarta-feira (5), na Creche Cantinho Bom Pastor. De acordo com a Polícia Militar, o homem de 25 anos chegou na escola em uma moto, pulou o muro e matou, aleatoriamente, quatro crianças com o uso de uma machadinha. Depois, o assassino saiu da unidade e foi até o 10º Batalhão da PM, onde se entregou.

Ao todo, quatro crianças morreram e cinco ficaram feridas. As vítimas são Bernardo Cunha Machado, de cinco anos, Bernardo Pabst da Cunha, de quatro, Larissa Maia Toldo, de sete, e Enzo Marchesin Barbosa, de quatro anos. Os feridos se recuperam em casa.

Por: NSC Total