‘Nosso lugar é na Série A’: afirma CEO do Amazonas

Esportes – A onça saiu da toca e para lá não vai voltar. É palavra de Roberto Peggy, CEO do Amazonas F.C, que considera o acesso à Série B apenas um passo — importante, mas um passo — para o que é uma meta definida desde a fundação do clube em 2019.

“Nosso lugar é na Série A. Nascemos para isso”. E, enquanto não chega, por que não coroar o acesso com o título? A decisão começa domingo, dia 15, na Arena Amazonas, contra o Brusque, de Santa Catarina.

A ascensão do Amazonas é impressionante e avaliza sonhos de grandeza. Fundado em 2019, ganhou a Série B do estadual no mesmo ano. Em 2022, disputou a Série D e agora, a C.

“O Amazonas e o Manaus, fundado em 2013, são clubes que representam o quarto grande momento do futebol do Amazonas. O primeiro foi em 1970, quando a CBD se dividiu em várias confederações e surgiu a CBF, que fez campeonatos brasileiros com muitos times.

Então, o Nacional fez um acordo com o Atlético Mineiro e veio para cá o treinador Barbatana e mais 17 jovens, entre eles um tal de Toninho Cerezo”, conta Dudu Monteiro de Paula, que, por 30 anos, apresentou o Globo Esporte no Amazonas.

Ele continua. “Em 2006, o São Raimundo, dirigido por Aderbal Lana, chegou à Série B e ficou lá por dez anos. Depois, veio a construção da Arena Amazonas, que trouxe grandes lotações, e então a criação dos clubes que têm dono. Os exemplos são o Manaus e o Amazonas. O Manaus foi fundado em 2013 e é pentacampeão do Amazonas. Em 2019, disputou a final da Série D com o Brusque e lotou a Arena, como o Amazonas está fazendo agora”.

Roberto Peggy é um dos três idealizadores do Amazonas e discorda do termo “clube que tem um dono”. “Eu fui presidente do Nacional e os outros dois idealizadores também vieram de outros clubes. O Wiliam Abreu era do Rio Negro. Nós resolvemos que estava na hora de ter um futebol realmente profissional e criamos o Amazonas juntamente com outras 20 pessoas. O Wesley Couto é o presidente”.

E qual a diferença para os clubes tradicionais?

“Os clubes tradicionais são centenários. E todos nasceram com uma preocupação com a parte social, salão de bailes, parque aquático, academia. Nós, não. Todo o pensamento e orçamento é para o futebol”, diz Peggy.

“São clubes que nascem zerados, sem dívida nenhuma”, afirma Paulo Roberto Pereira, jornalista carioca que está há 27 anos no Amazonas e que preside a Aclea (Associação de Cronistas e Locutores Esportivos do Amazonas), que vive uma onda de filiações. “O entusiasmo é grande, muita gente tem procurado a entidade, temos muitas rádios web”.

Ele conta também que o governo do Estado ajuda o Amazonas e outros clubes. “Nada é cobrado para jogar na Arena. Nem a luz é paga, apenas uma taxa mínima para manter o funcionamento. Tudo isso ajuda”.

A Revista Veja mostrou que a ajuda é maior. O Governador Wilson Lima reservou R$ 7,5 milhões do orçamento para ajudar clubes do estado. Deputados estaduais, através de emendas parlamentares, também ajudam o Amazonas.

Para Paulo Roberto, o Manaus pode ter o mesmo sucesso do Amazonas. “Eles também estavam na Série B, mas por negligência caíram para a D. Vão recomeçar o trabalho”.

A queda do Manaus, que é dono da maior torcida do estado, vai ajudar, de forma indireta o Amazonas. “Aqui no estado, a maior torcida sempre foi do Nacional. Depois, ela migrou para o São Raimundo e depois para o Nacional. Agora, virá para nós, que estamos na Série B enquanto eles estão na D. É um processo natural”, diz Peggy.

O Amazonas tem uma torcida forte na Zona Leste de Manaus, a mais pobre. “Foi um ato de marketing que deu muito certo”, conta Paulo Roberto. Eles fizeram do estádio Carlos Zanith, construído em 2014 para ser CT de seleções, a casa do Amazonas. O estádio para 7 mil lugares estava sempre lotado, e a torcida foi adotando o clube”.

São sugestões que Roberto Peggy tem anotadas. “Temos apenas dois jogadores locais. O problema é que o trabalho de base é muito ruim no estado. Nossa meta é ter 50% do elenco de jogadores revelados aqui em três anos. Daqui a dois meses, teremos tudo planejado para uma reestruturação do clube, inclusive com a construção de um centro de treinamentos. Nossa gestão é totalmente empresarial”.

O interessante é que um dos pontos citados por Peggy como gestão empresarial é apontado por muita gente como falta de paciência com processos.

O Amazonas teve a terceira melhor campanha na primeira fase da Série C, com 56% de aproveitamento. Começou a segunda fase com duas derrotas. “Imediatamente trocamos o treinador. Saiu o Rafael Lacerda e veio o Luizinho Vieira. Ganhamos as quatro partidas restantes e conseguimos o acesso”.

Luizinho não vai ficar: ele já havia acertado um contrato para treinar o Confiança em 2024. “A Série B é outra conversa, com mais responsabilidade e também com mais orçamento. Estamos preparados e pode ter certeza que em 2025, a Arena Amazonas vai receber todos os grandes clubes do Brasil para enfrentar nosso clube. A nossa Onça”.

Fonte: UOL