VÍDEO: Avô de Agenor Tupinambá, da capivara Filó, é um dos causadores das queimadas no AM, revela Intercept

Amazonas – Um levantamento realizado pelo Intercept Brasil, com base em relatórios do órgão e do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas, revelou nesta segunda-feira (6), que Elmar Cavalcante Tupinambá, avô do tiktoker Agenor Tupinambá, influencer do caso polêmico envolvendo uma capivara chamada Filó, é um dos principais responsáveis pelo desmatamento da floresta amazônica.

Segundo o site, Elmar e outros desmatadores contribuíram para o fumaceiro que assombra há meses o interior do Amazonas, e a cidade de Manaus.

Conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, dos 506 focos de incêndio registrados em outubro no Amazonas, 258 foram em Autazes – cidade localizada a 112 quilômetros de Manaus e dona da maior bacia leiteira do Amazonas –, principalmente em áreas de desmatamento recente ou já consolidado.

Segundo o relatório do Ibama de áreas desmatadas, Autazes perdeu ao menos 580 hectares de floresta desde 2005.

Não por acaso, o município liderou o ranking nacional de focos de incêndio nos dias 9 e 10 de outubro. Também ficou por 12 dias consecutivos entre os 10 municípios do Amazonas que registraram mais queimadas no estado. Nesse período, a fumaça das queimadas que chegou a Manaus, vinda dos municípios vizinhos, a tornou a segunda pior cidade do mundo para respirar.

Multa

Elmar Cavalcante Tupinambá foi multado em fevereiro de 2022 pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas, por destruir ou danificar mais de 240 hectares de floresta nativa às margens do Rio Paraná Madeirinha e do Lago Imbaúba. O valor das multas soma mais de R$ 1,2 milhão.

Sozinho, ele foi responsável por 42% do desmatamento registrado no município nas duas últimas décadas, segundo os dados disponíveis nos sistemas de consulta pública do Ibama e do IPAAM.

Confira outros desmatadores multados em mais de R$ 100 mil por destruir a floresta em Autazes: 

Elmar Cavalcante Tupinambá R$1.225.435,00
Rosalina de França Martins R$545.000,00
João de Deus Albuquerque Lima R$465.000,00
Vagner Ferreira da Fonseca R$455.000,00
Efrani Assunção de Souza R$247.500,00
Diblaim de Souza Ramos R$240.591,75
Osimar Cavalcante da Silva R$187.500,00
Raimundo Nonato França Passos R$182.000,00
Júnior Gonçalves Pinheiro R$168.350.00
Alessandro Torres de Figueiredo R$144.050,00
Muni Lourenço Silva Júnior R$112.500,00
Willace Cavalcante Guedes Filho R$108.777,00

Governo Bolsonaro

Alguns relatórios do Ibama não informam qual o tamanho das áreas desmatadas, mas os altos valores dão um indício. Segundo um decreto presidencial de 2008, a multa por “destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, objeto de especial preservação” é de R$ 5 mil por hectare.

Os desmatadores que aparecem neste levantamento são apenas uma parte do problema.

Segundo Joel Araújo, superintendente do Ibama no Amazonas, muitas pessoas praticam crimes ambientais sem serem descobertas.

Isso se agravou durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro – entre 2020 e 2022, nenhuma multa foi aplicada pelo Ibama em Autazes.

“Existe uma gama gigantesca de atividade agropecuária de desmatamento, com uso do fogo, que não foi fiscalizada”, disse o superintendente.