Hipocrisia! Artistas desistem de ‘salvar’ a Amazônia

Em reportagem publicada na Edição 211 da Revista Oeste, Anderson Scardoelli mostra que os artistas brasileiros que, em 2022, gravaram videoclipe para alertar sobre as necessidades de preservar a Amazônia parecem ter desistido de “salvar” o bioma. Mudança que ocorre apesar do aumento dos registros dos focos de calor na região amazônica, mas que se deu diante do fato de Luiz Inácio Lula da Silva suceder a Jair Bolsonaro na Presidência da República.

“Apesar do aumento das queimadas na Amazônia, o discurso por parte de organismos ambientais mudou. Durante o governo Bolsonaro, alguns desses agentes culpavam, assim como o discurso de petistas, o alegado ‘descaso’ com o bioma e o meio ambiente como um todo. Agora, nem se tenta responsabilizar o atual presidente da República e a ministra do Meio Ambiente. Para eles, as ‘mudanças climáticas’ são as reais culpadas pelo recorde dos focos de calor na região amazônica.

‘É difícil apontarmos um único fator para o aumento vertiginoso dos focos de queimadas na Amazônia’, disse Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, no site da instituição. ‘Mas é preciso lembrar que, no ano passado, a crise climática foi classificada pelos cientistas como a principal causa da seca na região. Não por coincidência, acabamos de sair do ano mais quente registrado na História, 2023, e ainda enfrentamos efeitos intensos do fenômeno El Niño.’

A postura da organização não governamental Greenpeace era, entretanto, diferente antes de Lula reassumir o poder. Em setembro de 2022, em pleno período de campanha eleitoral, a ONG tomou lado na questão político-partidária e lançou a música Canção pra Amazônia, com melodia de Nando Reis e letra de Carlos Rennó.

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Artistas dos mais diversos estilos musicais se uniram para clamar: ‘Salve a Amazônia’. Anavitória, Iza, Criolo, Arnaldo Antunes, Duda Beat, Vitão, Péricles, Gaby Amarantos, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Daniela Mercury são alguns dos que se revezam na cantoria, em tom melancólico, dos versos da música de Reis e Rennó. ‘Abaixo o (des)governo que abandone a Amazônia’, dizia a letra. Aparentemente a mensagem tinha prazo de validade.”
Amazônia incêndio

Fonte: Revista Oeste