Vaqueirinho, jovem que invadiu jaula de leoa, cresceu em abandono e sonhava em domar leões

A morte de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, conhecido como “Vaqueirinho”, após invadir a jaula de uma leoa em João Pessoa (PB), expôs uma trajetória marcada por pobreza extrema, transtornos mentais não tratados e abandono familiar. Segundo a conselheira tutelar que o acompanhou por oito anos, o jovem cresceu sem apoio e enfrentou múltiplas violações de direitos.

Gerson, filho de uma mãe com esquizofrenia e neto de avós com comprometimento de saúde mental, sonhava em ir à África para “domar leões”. Ele começou a receber acompanhamento do Conselho Tutelar aos 10 anos, após ser encontrado sozinho em uma rodovia.

Apesar de destituída do poder familiar, a mãe ainda era procurada pelo jovem. Ele frequentemente se evadia do abrigo para visitar a mãe e a avó, buscando cuidado e afeto. No entanto, devido às suas condições mentais, a mãe não conseguia assumir a responsabilidade.

Gerson foi o único de seus irmãos que não conseguiu ser adotado, em grande parte por apresentar possível transtorno mental. “A sociedade busca adotar crianças consideradas ‘perfeitas’, o que é impossível para quem vem de situações de negligência extrema”, afirmou a conselheira.