
Brasil – Morreu na última terça-feira (9), aos 49 anos, Marcelo Nascimento da Rocha, o Marcelo VIPs, homem conhecido como “um dos maiores golpistas do Brasil”.
Sua história inspirou livro, documentário e um filme estrelado por Wagner Moura. Natural de Maringá (PR), ele faleceu em Joinville (SC), cidade onde estava de passagem em função do trabalho.
Conforme o advogado e amigo de longa data Roberto Bona Junior, a causa da morte foi cirrose hepática. Ainda segundo ele, Marcelo vivia um processo de ressocialização e atuava como produtor de grandes artistas.
“O Brasil conheceu um Marcelo, o VIPs. Um ícone, reconhecido por todas as coisas erradas que fez na vida. Virou filme, livro, documentário. Mas poucos conheciam o verdadeiro Marcelo […] Fez muita coisa errada, mas soube aproveitar novas chances e escrever outra história”, afirmou o advogado, em publicação nas redes sociais.
Fama nacional
Segundo o livro VIPs: Histórias Reais de um Mentiroso, lançado em 2005, Marcelo começou a aplicar golpes ainda na adolescência. No material, ele conta que passou a criar personagens e identidades falsas aos 14 anos, mesmo sem enfrentar dificuldades financeiras.
Aos 18, disse ter se tornado piloto do narcotráfico, profissão paralela às encenações que lhe garantiam notoriedade. A mãe de Marcelo, entrevistada na biografia, afirmou que a família “perdeu o controle” sobre ele após a mudança para Curitiba, quando ele tinha oito anos.
Entre as inúmeras farsas atribuídas ao homem, a mais conhecida aconteceu em 2001, no Recife, quando ele se passou por Henrique Constantino, filho de um dos fundadores da Gol Linhas Aéreas. Durante o Recifolia, chegou a circular em camarotes, dar entrevistas, participar de programas de TV e sobrevoar a festa de helicóptero antes de ser desmascarado e preso.
O episódio consolidou a imagem como um dos golpistas mais criativos do país e deu origem ao documentário exibido em 2010 e ao filme VIPs, lançado em 2011 com Wagner Moura no papel principal.
Prisão e fugas
Ao longo da vida, Marcelo acumulou passagens por estelionato, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e associação ao tráfico. Cumpriu pena em diferentes Estados e protagonizou ao menos seis fugas do sistema prisional.
Em Mato Grosso, ficou cerca de quatro anos na Penitenciária Central do Estado, até progredir ao regime semiaberto em 2014. Mais tarde, passou para prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
Mesmo após ganhar projeção com o filme, voltou a ser alvo de operações policiais. Em 2018, foi preso na Operação Regressus, que investigava o uso de documentos falsos para obtenção de benefícios judiciais.
Nos últimos anos, ele buscava uma vida distante dos golpes. Atuava como palestrante, escrevia sobre a própria trajetória e se envolveu com a produção artística. Segundo o advogado que o acompanhava há mais de 15 anos, ele vinha tentando reorganizar a rotina e retomar vínculos familiares.
A notícia da morte gerou aumento nas buscas pelo seu nome. No Google Trends, o termo “marcelo vips” registrou mais de mil buscas e um aumento de 200% nas pesquisas nesta quarta-feira.




