Ministério Público detalha atuação de prefeito, vice e vereadores em suposto esquema de R$ 56 milhões

Nas vésperas do Natal, Turilândia, no Maranhão, virou cenário de uma das maiores crises políticas recentes do estado. A Justiça decretou a prisão do prefeito Paulo Curió, da vice-prefeita Tânia Mendes e de todos os 11 vereadores do município, no âmbito da Operação Tântalo II, deflagrada na última segunda-feira (22). A ação é um desdobramento da primeira fase da operação, realizada em fevereiro deste ano, e mira um esquema milionário de corrupção e organização criminosa.

Desde o início da semana, o Gaeco e a Polícia Militar já prenderam 14 envolvidos em Turilândia e em São Luís. Entre os detidos estão gestores municipais, empresários, servidores públicos, dez vereadores e um secretário de Agricultura. Apesar da ofensiva, cinco parlamentares continuam foragidos: Gilmar Carlos (União Brasil), Sávio Araújo (PRD), Mizael Soares (União), Inailce Nogueira (União) e Ribinha Sampaio (União).

De acordo com o Ministério Público, o grupo teria desviado mais de R$ 56 milhões dos cofres públicos entre 2021 e 2025. O esquema funcionava de forma estruturada e hierarquizada, com divisão clara de funções entre agentes políticos, operadores financeiros e empresários. Parte da lavagem de dinheiro teria sido feita por meio de empresas fictícias criadas pelo próprio grupo. Um posto de combustível ligado à ex-vice-prefeita Janaína Lima e ao marido também era utilizado para simular abastecimentos que nunca ocorreram, com retorno direto dos valores ao prefeito.

Durante as buscas, os agentes encontraram mais de R$ 2 milhões em espécie na casa do irmão de um neurocirurgião acusado de agir como agiota do prefeito. A responsável pelos pregões eletrônicos do município, Clementina de Jesus Pinho, já presa, admitiu que cerca de 95% das licitações eram fraudulentas e executadas por determinação direta de Paulo Curió, em troca de vantagens pessoais.

Nesta quarta-feira (24), os investigados que ainda estavam foragidos se apresentaram, incluindo o prefeito Paulo Curió, a primeira-dama Eva Curió, a ex-vice-prefeita Janaína Lima, o marido dela, Marlon Serrão, e o contador municipal Wandson Jhonathan Barros.

As acusações envolvem organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro. A Justiça converteu em prisão domiciliar a detenção de seis vereadores, que vão usar tornozeleira eletrônica. Mesmo investigado, o presidente da Câmara, José Luís Araújo, permanece no cargo e deve assumir o comando da Prefeitura para evitar colapso administrativo, enquanto o Ministério Público avalia a possibilidade de intervenção no município.