
EUA – Pela primeira vez os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tiveram uma reunião presencial previamente agendada. O encontro deste domingo (26), que vinha sendo costurado há alguns meses, durou cerca de 50 minutos e ambas as partes o classificaram como “ótimo”.
Após a reunião, que tinha como principal objetivo debater as tarifas de 50% impostas ao Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que a “história agradece” o encontro. “Fico feliz em ver que o diálogo e a diplomacia voltam a ocupar o centro das relações entre Brasil e Estados Unidos”, destacou.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também comemorou a reunião. “Avalio de forma muito positiva o encontro realizado hoje, na Malásia, entre o presidente Lula e o presidente Donald Trump. A relação de amizade entre Brasil e Estados Unidos é histórica e estratégica”, afirmou.
Alckmin está otimista
O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, disse que o encontro entre os líderes foi o passo mais importante da negociação.
“Importantíssima aproximação política do presidente Lula e do presidente Trump, que abriram as portas do entendimento. Agora é avançar nas questões técnicas: tributárias, não tributárias, oportunidades de investimento no Brasil e nos EUA, complementariedade econômica. Mas o mais importante foi feito: o passo político. E feito com brilho. Foi o passo para a gente poder avançar no lado técnico e estabelecer a pauta de trabalho”, afirmou.
Alckmin ainda definiu a questão tarifária como “urgente”, que o tarifaço de 50% é “inadequado” e que prioridade é tirar os 40% da taxa. Segundo ele, a tarifa média do Brasil aos EUA é de 2,7%. “É importante resolver isso e o diálogo sempre é bom por questões também não tarifárias.”
O ministro também citou o ReData, política de desoneração no Brasil para atração de data centers, como outro ponto que pode ajudar nas negociações. A Medida Provisória ainda não tem data para ser votada no Congresso Nacional. “Importante aprovar a medida provisória no Congresso porque isso atrai investimento”, destacou.
Repercussão
Para os aliados de Lula, o encontro foi visto como “histórico” e de “grande progresso” para as negociações. O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que “o Brasil voltou a ser protagonista”.
“A declaração oficial da Casa Branca mostra o respeito e a importância que o país voltou a ter no cenário internacional sob a liderança do presidente Lula. Com diálogo, diplomacia e visão, Lula recoloca o Brasil no centro das grandes decisões globais”, disse.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o encontro “destravou” as negociações. “Lula mostrou mais uma vez como deve agir um verdadeiro líder, defendendo os interesses do país e da região, sem abrir mão da soberania nacional e com a máxima dignidade pessoal.”
Já a oposição apontou que, mesmo com a reunião, o Brasil não conseguiu reverter a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que ficou provado que a culpa do tarifaço é de Lula.
“Para aqueles que diziam que o tarifaço era culpa de Eduardo Bolsonaro, hoje fica provado que nunca foi. Há meses, o Brasil paga o alto preço da falta de humildade de um descondenado presidente arrogantemente que não quis negociar logo o tarifaço. Hoje está provado que a culpa é do descondenado Lula”, escreveu nas redes sociais.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a equipe brasileira não tinha conseguido avanço nas negociações. “Mais uma vez, infelizmente, vocês saíram de uma reunião com o maior líder democrata do mundo sem absolutamente nenhuma notícia boa para os brasileiros”, disse.
Já Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ironizou o governo brasileiro por ter dito que Bolsonaro não foi assunto do encontro. “Lula encontra Trump e na mesa um assunto que claramente incomoda o ex-presidiário: Bolsonaro. Imagine o que foi tratado a portas fechadas?”, disse, ao compartilhar o trecho em que Lula afirma que Bolsonaro não era assunto da reunião.
Em uma série de postagens, Eduardo ainda disse que Lula apoiaria um “lawfare” contra Trump. O termo em inglês se refere ao uso de instrumentos jurídicos para perseguição.
“Interessante laço entre Trump e Bolsonaro é a empatia: a capacidade de Donald Trump se colocar no lugar de Jair Bolsonaro e imaginar que, quando sair da presidência, Lula e sua equipe apoiarão a lawfare que certamente Trump sofrerá”.







